7.11.10

 

Interlúdio Crepuscular da Nação Soberana


Há cerca de três meses deixei aqui uma memória africana que deverá ter, em breve, a sua continuação, em particular, para tratar do caso ignominioso de Omar.

Tenciono, como disse anteriormente, contestar a versão apresentada por Almeida Santos, nas suas «Quase Memórias», para pôr de manifesto as suas debilidades, a meu ver, filhas do seu antigo e sempre reafirmado filo-frelimismo.

Entretanto, neste lúgubre trimestre, Portugal prosseguiu a sua marcha descendente para o abismo, sob a forma de uma situação de pré-bancarrota económico-financeira, suprema glória da desastrada governação de José Sócrates e da sua inqualificável corte de apaniguados, festivamente designada de socialista.

Repetidas vezes, desde 2005, aqui mesmo, a esta tragédia me referi, sobretudo depois da inenarrável entrevista de Sócrates na RTP, em 2007, em que pretendeu desagravar-se de supostas calúnias, postas a circular na comunicação social e na internet, sobre a sua rocambolesca passagem pela Universidade dita Independente.

Nessa estrepitosa entrevista televisiva, não logrou Sócrates esclarecer as manhosas circunstâncias em que teria obtido a sua fantástica licenciatura em Engenharia Civil, na tal Universidade, entretanto encerrada, por múltiplas falcatruas e completa falta de idoneidade no campo educativo ou noutro qualquer, a que se presume que uma Universidade deva dedicar-se.

Nem com o auxílio de uma extensa rede de agentes comunicativos estipendiados para promoverem a sua incompetente e nociva acção governativa, foi possível a tantos destes alquimistas políticos transformar o seu pechisbeque de feira, no almejado ouro de lei governativo.

Para nosso possível refrigério, parece já não poder durar muito o presente pesadelo. Todavia, os danos entretanto produzidos foram enormes.

Custa a acreditar como pudemos cair tão baixo, em todos os planos da nossa vida colectiva, a começar no da honra, como se sabe, trincheira a partir da qual, quando se vacila, tudo o mais se desmorona e irremediavelmente se perde.

Em verdade, com tudo aquilo de errado que fizemos nos últimos quinze anos, principalmente, já nem merecíamos viver em Democracia. Nela ainda vivemos, apenas por condescendência ou inércia de outros Poderes.

Só por obra de uma profunda regeneração colectiva, nacional, voltaremos a ganhar a dignidade de nação soberana, porventura ainda mais empobrecida, mas capaz de se fazer respeitar, no conceito das demais nações, as da união política a que pertencemos e as do mais vasto mundo, que noutro tempo, hoje mais do que nunca saudoso, desbravámos e até conquistámos.

Triste ocaso para tão alto esforço de distantes gerações.

Quando iniciaremos, nós outros, Portugueses envergonhados, a imperiosa Regeneração da nossa martirizada Pátria, que já foi mãe de tanta gente ilustre, nobre e honrada ?

Como pode uma Nação de dez milhões de almas, com quase 900 anos de existência, com alguns incontestados períodos de brilho e de glória, consentir em ser representada por gente técnica, cultural e eticamente tão mal apetrechada ?

Meditai, Portugueses, neste insuportável vexame !

AV_Lisboa, 07 de Novembro de 2010


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